18 dezembro 2009

Messias Cyber

A manhã se levantou, meio remelenta
E me encontrou meio despido.
-Ressucite!- Gritou.

Na madrugada andei sobre Gin
E multipliquei cigarros.

E ao meu lado, uma Madalena qualquer,
dormindo com rosto de virgem.

Vide Bula

As pilulas da sabedoria não curaram a ignorância.
As pílulas do Sexo, não promoveram o amor.
As da felicidade não salvaram ninguém.

A Soma de Huxley não subtraiu o horror
Comprimidos, oprimidos, enebriados
Viciados, apavorados.

Em um labirinto de cristal
Os sonhos vem lentamente.
Gritamos aos surdos.
Quem tem um ouvido é ignorado.

E murcham as coisas, as flores,
os ânimos
Em dez vezes no cartão.
Com juros.

13 dezembro 2009

Presépio...

(Pedro Vitiello)
Em Belém...

Devidamente acomodados para dormir, o menorzinho pede ao avô:
-Conta de novo aquela história? Aquela de quando você nasceu?- Era época de tosar carneiros na região e os pais costumavam estar ocupados demais a ponto de preferirem deixar os filhos ao cuidado do velho ranzinza. Pelo menos com os netos ele tinha alguma paciência.O patriarca recomeça então a já conhecida trilha da história.
-Bom...deixe me ver aonde eu estava mesmo?
-Na manjedoura! Respondem os dois netos em conjunto.
-Isso! Manjedoura, aham... – prossegue- lembro-me bem agora. Era final do ano e era uma das noites mais bonitas que meus pais já tinham visto. Sabem, desde que nasci sabia que era especial. Eles estavam acomodados junto aos animais do estábulo, todos juntos porque estava especialmente frio. E minha mãe, sua corajosa avó, que não dispunha dessas coisas modernas de hoje em dia disse ao seu bisavô:
-Ò, é agora! Traz aquele balde de água aqui e não dá vexame e nem desmaia, tá legal?
-Meu pai- continuou enquanto fazia um ar compenetrado- então fez o que devia, que era basicamente, não interferir nessas coisas femininas, buscou água e ficou sem dar um pio, acompanhando a cena. Lá fora pela janela, dizem, no momento que abri o maior berreiro uma estrela bonita e brilhante surgiu no céu anunciando meu nascimento (Não é a toa que vocês são bonitos, sabem? Puxaram a mim).
Bom, de qualquer forma eu nasci peladinho, chorando que nem um bezerro desmamado e bonito! No meio de toda aquela palha, é bem verdade, meu pai ainda teve um pouco de dificuldades em me achar para romper minha placenta com os dentes, mas entendam, esse tipo de coisa, a Luz de lampião é complicado mesmo. Já minha mãe, bem...ela comeu minha placenta com gosto (essa era a parte que os cordeirinhos faziam a cara enjoada, já meio ensaiada).
Tão importante foi meu nascimento que vieram três cavalheiros trazendo ouro, incenso e mirra uns dias depois para dar de presente. Deixaram lá com o pequenininho humano, mas em um lugar onde era fácil para mim alcançar.
-O que é ouro, vovô?- Perguntou o maiorzinho.
-É uma coisa amarela, molenga e com gosto horrível.
-E o que é Incenso, vovô?- Perguntou ensaiado o menorzinho.
-É um palitinho cheiroso, preto e de gosto bom.
-E o que é Mirra vovô?- perguntaram em um balido os netos.
-Não faço a mééééénor idéia!- respondeu, arrancando risinhos contentes.
Deu um beijo lambido em cada um dos netos, afofou sua própria lã e deixou ambos desabarem de sono, finalmente vencidos pelo cansaço.
Enquanto isso, a vaca ao lado faz uma cara de presépio. Melhor não discutir o assunto àquela hora. Ainda mais com um cordeiro de Deus.

21 novembro 2009

Bagagem

Se levassemos todos os amores
As desilusões, as gostosuras
Levassemos não o apenas
"indiscutivelmente essencial"
Para que viajaríamos?

Pé na estrada é sempre uma cruzada
A busca ao nosso graal?
Indo aonde nenhum homem jamais esteve
Peregrinações, andanças, viagens...

Não levamos todas as coisas
Porque não vamos atrás de algo.
Vamos encontrar a nós mesmos.
Pois a unica certeza ao viajarmos
É que nós estaremos lá no fim.

No fim do arco-íris
Atrás do horizonte
Do outro lado do mundo
Mudamos o mundo a nossa volta.
E o que permanecer seremos nós mesmos.
Simples assim.

Frank + Einstein

Abri o peito sem anestesia
Minhas viceras são tuas
Cada pedaço meu te doarei.
Minhas memórias, meu passado.
em troca de teu futuro.

Me choque, me reanime.
costure meu coração.

Toda relação gera reação
E orbito em torno de ti.
O tempo é Relativo
Mas não minha paixão.

Lagrimas e chuva

A chuva veio e lavou a calçada.
Sara se foi, e levou seu coração.
Lamuriento, viu o taxi partir,
com seu amor amarrotado.

Rosnando caminhou para a mesa
Onde queria terminar o trabalho.
Mas não podia, porque Sara
Terminara com ele.

Não era a ausência de Sara
Que o fazia mal.
Era a permanência dela,
Em cada canto da casa.

Nem eram as sombras
O que provocava arrepios.
Mas as sobras, mal-digeridas, do Amor.
As migalhas, os pedaços de si.
Os cacos que deveria juntar.
Para sempre.

Comeu.
Deitou.
E soluçou.

05 novembro 2009

PT Saudações

Ela lhe sorriu com todo o corpo
Ele resmungou algo em troca.
Cansado, soltou as malas.

Ela desejou seu corpo.
Ele lhe informou estar com fome.
"Barra de cereal é foda, né? Puts!"

Ela pediu um beijo
Ele lhe entregou a roupa suja.
Estavam bem encardidas, avisou.

Ele foi para a banheira.
Ordenando toalhas limpas.
E ela lhe entregou um rádio, ligado na tomada.
ZZZT!

In Zara We Trust

Nitche ...

Naitzchi ...

Neiatiszshe ...

Nitizhe ...

Nietishãn ...

Neiticshi ...

Nietzschi ...

Niezeidgeist...

Nutz-she ...

Nain Tchê ...

Nun-tzchaco ...

Nietanzaisn...

Nineteenzche ...

Porra, aquele fulano que escreveu "Assim falava Zaratorta... Zaratruta... Zaratrust... Ah, inferno, O cara do "Esse Homem"!

Então, ele é duca!

Autofagia



Voando pela janela foi-se meu celular
E com ele minhas ligações.
Seguiram-se minhas roupas,Carteira e identidade.

Sem o que me identificar, sobrou apenas Eu.
Que não pula em abismo algum, aliás.
Eu, Eu mesmo. Que coisa é essa,
Que me canibaliza a moral?

Findas todas as sombras reveladas sobre uma parede
Todas as fotos, os fatos, os focos,
Nada descubro sobre mim, porque o Eu ainda impede.
A última sombra,se insinua.

Os mesmos ossos, mesmos pensamentos
Mas ainda um Eu que não me identifica.
Como se o princípio da incerteza
fosse válido Para as questões da "alma".
Ou sou e não penso nisso, ou penso nisso e não sou.

Pensar em si é um não-ser
Como se a análise estivesse
Eternamente condenada a um estado de "chegou tarde".
Sempre que nos olhamos,
Vemos apenas um passado de quem já fomos.

Como não podemos saber quem seremos,
Nem saber quem somos
Só nos resta nossos mesmos fantasmas.

De quem, debilmente, nos alimentamos.

Do Pó ao Bah!

Limpando o sotão das pequenas mesquinhesas
Encontrei a foto amarelada com sorriso envelhecido
Há lá um sujeito que parece comigo,
Um estranho, um bobo, um jovem portanto

Ele parece acreditar num futuro distante
onde as coisas finalmente farão sentido.
Uma utopia, um estado, uma ilha
Sem o velho ranço cínico.

Idiota. A utopia sou eu.
disutupiou-se, enrugou-se.
A Utopia é o passado
Que sempre nos parece tão brilhante.

19 outubro 2009

Predador


Em cima do muro
Observo eu, o Abutre.
Negro, cruel, destemido.

Observo os seres despresíveis
Os que ousam cruzar seu caminho.
Distante, altivo, um matador.

Passam por mim crianças
Altas, baixas, aperitivos.
Almoço Deliviery, eu aprovo.

Passa então um rapaz.
Se aproxima, faz sinal
Faz "psiu", estala os dedos.
Se aproxima de mim, coitado.

Deixo que ele toque meu pescoço
E quando ele menos espera
Ronrono pelo agrado.

Pandora ao Cubo

Pandora tinha uma caixinha
E nela guardava mistérios
Monstros indizíveis
Os cruéis, os desprezíveis.

Um dia abriu a caixa
Pouca coisa só para ver
no que dava.

E de lá saiu um demônio
De chifres, garras e dentes
Desprezível, cruel, insano
E disse uma frase cruel:

"Eu sou Amor.
Sabia que eu te amo?"

Nenhuma besta voraz.
Nem o pior tirano
Matou, aleijou e torturou
tanto, desde então
o coração humano.

18 outubro 2009

Martinez

Martinez Beijava
A todas a quem encontrasse
Só não beijava Amanda
Por mais que desejasse

Passou a beijar, Martinez
Lícores, Cervejas e vinhos
Beijava o fundo do copo
Beijava a lona.

Beijou um dia um poste.
E nada mais.

03 agosto 2009

Amor Cortês

Não me olhe ou ficarei em chamas
Não me toque, ou me dissolvo.
Beije-me, senão eu morro.

28 junho 2009

Celebridades Notórias

Tenho visto e ouvido alguns comentários sobre Michael Jackson, sobre como uma pessoa que aceta 1000 vezes e erra apenas uma fica conhecida por seu erro, etc etc. Falando sobre o fato dele ter aparentemente violentado meninos de 10 ou 11 anos.

Também ouvi que tanto ele quanto Simonal, o alcagoete mais famoso da MPB nacional, estariam sendo injustiçados, entre outras coisas, por serem negros.

O primeiro argumento é relativo. Michael Jackson pode ter defendido causas humanitárias, mas isso não altera, em nmada ter sido acusado, por duas vezes, de cometer atos hediondos. Tenho pena dele pelo que, aparentemente, sofreu nas mãos de um pai sociopata e estuprador. Mas igualmente sinto pelos meninos que, apoarentemente foram suas vitimas (e pouco me importa que ele não tenha sido considerado culpado. Há grande diferença entre uma pessoa ser inocente e não ter sua culpa provada. Digam o que quiserem, quantos adultos deixariam seus filhos dormir na mesma cama que um adulto?). Uma pessoa pode atingir mais de uma esfera, ser médico e monstro, fazer coisas excelentes, e nem por isso, deixar de ser um filho de uma puta (felizemente o blog [é meu e não preciso poupar palavrões).

Já a argumentação de que "são artistas negros e por isso, perseguidos" beura uma paranóia perigosa. Sim, existe racismo, mas o mesmo tipo de alegada perseguição não ocorreu com Milton Nascimento, com Tim Maia, com Jorge Benjor ou Jair rodrigues aqui. Nem com Steve Wonder, Lenny Kravitz e afins por lá.

Também, e no caso falando sobre Simonal, existe um problema: Documentos trazidos à baila de discussão semana passada, pela Folha de São Paulo (Caderno Mais!) apontam que Simonal era informente do DOPS. Que a pessoa seja de direita ou esquerda, nada me consta que seja imoral, ilegal ou engorde. Mas dedurar colegas, pessoas próximas, amigos e afins, bom, aí trata-se de um buraco bem amis embaixo.

Algumas das vozes dizem assim "Mas ele ERA um baita cantor!", sim e Hitler amava crianças, as artes, e tirou seu país de uma recessão. O exemplo extremado tem a função aqui de lembrar (tal qual uma propaganda, por coincidência da Folha, de quase 20 anos atrás dizia) que é possível se falar mentiras contando apenas verdades.

Existe um livrinho de especial apreço por mim nos ultimos tempos chamado "Celebridade" (fico devendo o autor por hora), que diferencia uma pessoa célebre por suas qualidades, de outra, com "notoriedade" por seus defeitos.

Uma celebridade pode ser "notável" e ainda ter qualidades. Mas ter qualidades, em absoluto, apaga seus defeitos. Quando é possível, o ideal é nos lembrarmos de ambos.

26 junho 2009

Eu vou fugir para um lugar aonde você não esteja e não possa me encontrar. Vou fugir para não me perder.

Cap. 1

Reza a roda
Arrasta a Rosa
Arrasa o espinho

Gira pela rua
Refaz o rosto
Segue seu caminho

Fim

25 junho 2009

Desce a noite

Desce à terra,
Deusa do sereno
És sobria, és sombria
Assusta os precavidos
Espanta os destemidos.

Leva Homens, leva mulheres,
Toca a todos perdem-se em seu manto negro
Pobres diabos!

Elemento teu é a noite:
O lugar de onde salta por sobre suas vitimas.
Arrancando-lhes o coração, a força das pernas
A vitalidade, a razão

Um dia chega a todos.
Em geral acompanhados
Quando menos se espera
Sente-se no coração aquele aperto.

E então morre-se,
Sempre um pouco
Levados por tuas mãos frias

Arranca de nossos peitos,
A ilusão de perfeição
Mostrainos nossos defeitos,

Que não seja esquecida tua face
Nem mesmo teu cheiro acridoce
Dama da noite, que poucos nomeiam
Que assusta, enlouquece
Conhecida por muitos nomes,
Mas por nós, de Amor.
Mais alguns palíndromos, que uma amiga me mandou hoje:

"ANOTARAM A DATA DA MARATONA"
"ASSIM A AIA IA A MISSA"
"A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA"
"A DROGA DA GORDA A MALA NADA NA LAMA"
"A TORRE DA DERROTA"
"LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL"
"O CÉU SUECO"
"O GALO AMA O LAGO"
"O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO "
"A CARA RAJADA DA JARARACA"
"SAIRAM O TIO E OITO MARIAS"
'ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ"

19 junho 2009

Desejos

Que voce me beije
Que você me toque
Me sorria, me abrace.
Desejo que voce me baste.

15 maio 2009

Velocidade

A morosiade consome
Com perfeita lentidão
O preciso da memória
Sem história, sem existir.

Ficam as impressões
Das digitais nervosas
Nas letras, nas palavras
Na expressão que não vem a luz.

Escrevendo sem destino
Easy rider da letra
Esperando que como a idéia
que não chega,
Nunca baste sua busca.

Aonde ir, o que imprimir
Nas pestanas do leitor
Que imagens, que idéias
do In-co-men-su-ra-vel,
Incrivelmente veloz
Fazer sentir
Aqui.

In vino, veritas

Sonhar é despertar aos poucos
Para a floresta que me habita.
Ter borboletas no estomago
E vagalumes faiscando nos dedos
Outrora tão firmes, tão seguros.

Desejo o Desejo.
O calor que me queima a garganta.
Sempre ferindo o sentimento
Do grito, o parto
Da dor do despertar.

Em um castelo de marfim
Impossivel, intangivel
Uma nuvem, distante, onde
Cuida do jardim, a princesa
E da princesa, o jardim.

Enquanto gela a veia,
E se evaporam as palavras
A testa se incendeia
A coragem se desfaz.

Gagueja a idéia
É falida a sensatez.
Cavaleiro sem paz
Em uma guerra perdida,
Perdido, sem voz.

13 maio 2009

Tio Bob

Blowin' In The Wind
How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
Yes, 'n' how many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
Yes, 'n' how many times must the cannon balls fly
Before they're forever banned?

The answer, my friend,
is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.
How many years can a mountain exist
Before it's washed to the sea?
Yes, 'n' how many years can some people existB
efore they're allowed to be free?
Yes, 'n' how many times can a man turn his head,
Pretending he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.
How many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes, 'n' how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes, 'n' how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.

Ouça aqui:
http://www.bobdylan.com/#/songs/blowin-wind

(esse moço parece promissor, não acham?)

27 abril 2009

THE TIMES THEY ARE A-CHANGIN'

Bob Dylan

Come gather 'round people wherever you roam
And admit that the waters around you have grown
And accept it
That soon you'll be drenched to the bone
If your time to you is worth savin'
Then you better start swimmin'
Or you'll sink like a stone
For the times they are a-changin'

Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won't come again
And don't speak too soon for the wheel's still in spin
And there's no tellin' who that it's namin'
For the loser now
Will be later to win
For the times they are a-changin'

Come senators, congressmen please heed the call
Don't stand in the doorway don't block up the hall
For he that gets hurt will be he who has stalled
There's a battle outside and it is ragin'.
It'll soon shake your windows
And rattle your walls
For the times they are a-changin'

Come mothers and fathers throughout the land
And don't criticize what you can't understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is rapidly agin'
Please get out of the new one
If you can't lend your hand
For the times they are a-changin'

The line it is drawn the curse it is cast
The slow one now will later be fast
As the present now will later be past
The order is rapidly fadin'
And the first one now
Will later be last
For the times they are a-changin'

Tem uma tradução, para quem precisar, aqui: http://whiplash.net/materias/traducoes/004682-bobdylan.html

26 abril 2009

A NOSSA Susan Boyle

Ok, a moça não é nada feia, mas igualmente encantou e surpreendeu com seu talento.

Já que falomos de talento supresa tanto (Susan Boyle está em tudo que é canto, até vai ser tema de um South Park), vejam essa garota:

http://www.youtube.com/watch?v=xJz-JQLUaSk

22 abril 2009

Trillian Mcmiliian

Temos três gatos. Dois adultos e uma filhote.
Nosso gato macho adulto, que teve sua dignidade masculina retirada em prol do controle de natalidade felina, parece meio cachorro.

A caçula, vulgo "Chuva", acha que está na savana e aterroriza meus doisc filhos caçando os pés deles. Desconfio que ela seja na verfdade um filhote de jaguatirica sub-nutrido.

Mas é a terceira, Trillian (sempre fui fã de Mochileiro das Galáxias) que tem me tirado o sono. Entrou em depressão depois que a Chuva veio, com indas e vindas nos ultimos dois meses para algu armario escondido, no meio de roupas e toalhas, sem sair nem para se alimentar.

Segunda feira (anteontem) quando chegamos em casa minha mulher percebeu que ela estava "amarelada" e foi direto para uma clinica 24 horas.

Resultado: Crise hepática, causada por depressão (tem u nome n]mias tecnico que me foge agora). Se sair dessa vai ter de ter dieta especial e, posivelmtne , vai morar na minha sogra, pra ter um pouco mais de sossego.

Alguém pode me explicar o que e diz para duas crianças pequenas sobre uma gata doente?
Não sei nem o que dizer para mim, no presente momento.
Enfim...

20 abril 2009

Para quem gosta de billie Hollyday.

http://www.4shared.com/file/100443386/9cc66e0f/07_FAIXA_7.html

15 abril 2009

Ladeira Abaixo

Descendo.
E lá, Niomar
Vai se molhar.
Banhar a banha
E descansar
Os dez dedos
cansados
Esticar a Tenda
Ligar a televisão,
A caixa de cerveja
E, sob o Sol,
Torrar a paciência alheia.

Solidão

A multidão não acompanha
meus pensamentos
não discerne meus sentimentos
vis.

Nada me acude, nada me resolve
Nada se apresenta como solução
viável.

Desejar muito
E mais um pouco
é triste.

Melhor seriam
sentimentos humildes
desejos simples
Coração mais
pragmático

Mas desejo o mundo
As estradas, a poeira
as casas os sabores.
Desejo
O mundo

Desejar é sentir falta.
é reconhecer
O buraco profundo.

Desejar dói.

08 abril 2009

Sem Título

Marli Tolosa


(Sem Título)

Não me faças esperar
Nos lugares marcados
Teus medos estarão ali
Teus venenos
Tuas volúpias.

Eu estarei visível
Pretendida
Não me queiras adivinhar
Nos meus modos
Eu sou digna
Exibida

Não me reconheças sob meus véus
Eu sou mansa
Sábia
Eu me demoro

Não me queiras medir
Minhas plumas,
pedras e metais
Minhas armas
Estandartes e enfeites
Vou além das medidas
Sou folgada

Tenho estranhos trajetos
Sob meus cílios
Tenho colinas e vales
Rios largos
Mares Verdes
Solo fértil
Tenho mapas nas veias
Azuis sob a pele fina,
Geografias nas palmas macias das mãos

Não me ouças como
Orquestra
Sou banda
Fanfarra
Naipe de corda ou de sopros
Incompleta, pausando
Reunindo-me em diversas vozes
Em diferentes andamentos

Não me faças cantar
Eu danço, flutuo
Requebro e volto a girar

Não me saboreies
Além dos cheiros verdes,
Dos eflúvios e vapores,
Dos caldeirões e gamelas,
Das cores fatiadas,
Dos grãos espalhados,
De todo o espectro da luz.

Nas ilhas de frescor
Do meio-dia
Estarei em repouso
Respirando profundamente

Não me denuncies
Minhas tradições
Eu seduzo
Engano
Divido

Eu não abandonei nada
No caminho
Só não me deixei levar
Estanquei diante
Do imponderável
De uma manha clara

Não me forces
Palavras de amor
Meu corpo está disponível
Minha alma se insinua
Nas dobras dos lençóis

A pele nacarada
Dará continuidade
Da testa aos ombros,
Ao torso,
Ao calcanhar.
Minhas ondulações são navegáveis.

Eu me uno estreita e fácil
Aos corpos que
Se me oferecem
Serei a taça
O tinto excessivo
Encorpado cheiroso.

Não me faças declarar
Meus nomes
Meus endereços
Minhas rendas
Eles estão brilhando
Em meus seios
E meus joelhos.

Falsos documentos
Das minhas idades.

06 abril 2009

Atraçao

Em torno de você
Girando, girando
Sem conseguir escapar

Kriptonita morena
Cabelos suspensos
Me deixando sem ar

Disco riscado
Só sabe repetir:
Tem de me amar,
Tem de me amar...

CADAFALSO

A cada passo que dou
Menos sei o que sinto
A cada pouco que vou
Me perco em teu labirinto

Suas mentiras me fazem bem
E teu cheiro bom de sentir
Que por momentos quase acredito
Esquecer o que já sei

Me prometa o paraíso
Me dissolva em ilusão
Me divirta com teu riso
E jure amor sem condição

A cada passo que dou
Menos sei o que sinto
A cada pouco que vou
Me perco em teu labirinto

Mas não deixe que eu perceba
Tua despreocupação
Me seja gentil no cadafalso
Finja me oferecer a mão

Me ofereça nova história
Simule pedir perdão
Implore com a face fria
Que eu ouça explicação

Prometa o que eu mais quero
Finja tesão sem ter fim
Omita pequenas coisas
Que pense sobre mim

Me deixe ser o sacrificio
Por teu altar de amor
Preso em devaneios
Que também teci

Amanheci ao teu lado
Separado na ilusão
De ter sido abençoado
Em suposta comunhão

A cada passo que dou
Menos sei o que sinto
A cada pouco que vou
Me perco em teu labirinto

A cada passo que dou
Menos sei o que sinto
A cada pouco que vou
Me perco em teu labirinto.

23 março 2009

Momento poeira (2)

Se tem uma coisa que gosto é assistir filmes antigos de bangue-bangue.
É, eu sei, podia inventar uma coisa mais bacana tipo "ler hai-kais" ou "Ler poemas russos no original", mas pé-de-lama que sou, estaria mentindo.

A vida seria bem mais simples se tudo se resolvesse com polvora, canos fumegantes e um cavalo. Os Cowboys, os bandeirantes, os grandes aventureiros, isso sem falar em Almyr Klink e sua incrível vida sexual, sempre tiveram um público garantido. Acho que poder fugir sempre foi uma fantasia masculina. Só que no mundo de hoje a gente não tem mais para onde fugir. mesmo longe de tudo e de todos, Celular, Pager e E-mail pegam a gente de jeito.

Tenho a séria teoria que o ÙNICO lugar do mundo onde a gente pode fugir por uns instantes e ficarmos a sós, sem ninguém ficar te olhando, é nas lojas, na hora que você vai digitar sua senha no cartão de débito, e não tem nenhum pentelho olhando para você. E você nem precisa "sacar rápiudo, veja só!
("Sacar" rápido, entenderam? foi uma piada com os filmes de bangue bangue, explico porque foi profundo demais e alguém pode não ter sacado ...e .., tá eu calo a boca).

De qualquer modo, vou assobiar um tema de "7 homens e um destino" da próxima vez que usar um cartão. Ninguém vai entender lhufas, eu sei, eu sei... mas o que é a vida sem umas esquisitices, vez por outra?

Uma estória de assassinato

Se algum dia fosse fazer um livro policial, começaria mais ou menos assim:

Enebriante desce a noite, vestida por Berenice.
Escada abaixo, com quadris que chacoalhavam o mundo.
Ela olhou para e atravéz de cada um dos presentes. Cada gesto, cada olhar, cada lábio abrindo-se macios para o mundo.

Berenice ascendeu com um cigarro. E subitamente, os outros é que ficaram sem fôlego.

=====

Sempre achei que o grande problema de um crime perfeito é que, para ser perfeito, não poderia ser contado para outras pessoas, jamais. Um crime perfeito ninguém sabe que aconteceu. Não deixa testemunhas.

Mas mataria Berenice (uma pequena e óbvia homenagem ao Tio Edgar). Ninguém se importa se uma história de assassinato tiver um Zé Ruela. Às vezes, nem mesmo o Zé Ruela.
Machismo puro, confesso.

E teria um policial com algum tipo de problema pessoal. É, nada muito criativo, eu sei. Tipo sei lá, hemorróidas. Hum, talvez não hemorróidas. Cirrose! Sim, cirrose seria perfeito.
E uma ex-mulher. Seu nome seria algo que fosse quase-completa, mas não totalente, diferente de Poirot.
E ele teria um animal de estimação. Um cão surdo, um coelho carnivoro, algo assim.

Seria péssimo, péssimo de briga. Senão ele faria como o Batman e usaria "seus incríveis poderes detetivescos" para espancar informantes (obrigado Aragonés).

Gostaria de palavras cruzadas. E, definitivamente, seria o assassino.

18 março 2009

F.U.C.K.

Tem dias que a noite é foda.
Perdão se o palavrão incomoda.
Mas já se sente nas palpebras
precocemente adormecidas a ressaca
antes de abertas as garrafas.

Tem noites que o dia foi foda
E lamento o termo chulo
Mas ou cancelo o termo
Ou, sem o termo, me anulo.

Dias foda, por diversas razões
Pelo dia de trabalho insano
Ou pela falta de modos
De nossa civilização

Tem Tardes Tristes,
manhas mais ou menos
E o meio disso
Que nomes não temos.

Temos despertares difíceis,
Anoiteceres que não existem
Vagas palidas figuras
Passeando pela casa vazia.

Mas acordamos
Levantamos, trabalhamos
Porque temos alguns momentos
Dizemos "Que se foda"
E nos permitimos alegria.

17 março 2009

Catastrofe?

Catastrofe que nada.
Desgraça é nunca ter amado.
Nunca ficar ao lado
de um objeto amado.

Tristeza? Para quê?
Sentimentos vão e vem
Tristeza se vai também.

Como medir as alegrias
As conquistas e fantasias
Se nunca damos nossos tropeços?

Perder é também vencer
A oportunidade unica
De se envelhecer

Quem não adoece, não se espanta,
nada sabe sobre esperança
Ignora que sobreviver
e viver
É poder fazer lambança.

Assim

E assim se resolvem as crises
Trazendo corpos
despedaçados, em valises.

Travam-se guerras, horrores
Levando a nau
em mar de humores.

Morre-se por tudo,
Por nada
Por coisa inacabada.

Levam ao deserto, ao artico
Empunhao tanques no 'fantástico'.
Falico, inútil, imaturo.

Expoe crianças,
Já veteranas na maldade
A mais pavores da realidade.

Excomungam crianças
Que tem crianças
E da fogueira tem saudade

Oprimem os sentimentos, os amores
Todos aqueles que vivam
de forma pessoal na cidade

Qual túmulo nos aguarda
ao festival inútil,
conduzidos por narcisos?

Vão-se os bustos
Os loucos, os maus
Fica a perplexidade.

De viver em um mundo
Azul, tristeza-blue
De saudades de tempos idos
Que no fundo,
nunca existiram de verdade.

18 fevereiro 2009

Cogito

Existiria algum sentido na vida?
Alguma musa alada da verdade,
que descendo dos ceus em torpor
religioso nostrouxesse, enfim,
Tudo sobre o começo, o fim e o meio?

Que roupa vestiria esta Verdade?
Seria um anjo, seria beldade?
Que voz teria a doce deusa?
Afinação de rouxinol?
Seria rouca , de crua aspereza?

Não creio em Verdades.
Nem em "Alethéia" abençoada.
A verdade, não a Verdade, para mim,
não precisa surgir disfarçada de castidade.

Mas ter Certeza, sem duvida, encanta
Espanta o medo, simula a beleza
Aparenta ter na escuridão
Um calor, uma Resposta maravilha
Pena que õ que é lindo não ponha mesa.

Prefiro a duvida. Não quero Valquírias
Me dizendo "bom combate, venha conosco"
Sempre achei a ideia de mal-gosto
Algo tosco, enfim.
Não quero saber o fim da história
Saber como acaba não é para mim.

Quero Dúvidas. Belas, rechonchudas,
Pornôs, semidesnudas.
Quero não saber como virá
a próxima estrofe, que me aguarda
A próxima página, a farsa acabada

Quero não saber. Ter o prazer
de descobrir a cada dia e hora
marcada como será a próxima virada
Desfrutar, saborear
Prefiro não saber como terminar.

Final

Paul Géraldy

Já que a gente vai se separar, olhe-me ainda
um instante ... Mas sem chorar: seria idiota.
Como é horrível agora a lembrança remota
do que nós fomos numa vida antiga e linda!

Nossas vidas se confundiram totalmente ...
E agora cada qual retoma o seu caminho!
E nós vamos partir, cada qual mais sozinho,
recomeçar, vagar por aí ... Certamente,

Sofreremos também ... Mas há de vir, depois,
o esquecimento, a única coisa que perdoa.
E há de haver eu e haver você; seremos dois;
seremos isto: uma pessoa e outra pessoa.

Veja! você já vai entrar no meu passado!
Havemos de nos ver na rua ...
E viveremos nossas vidas paralelas ...
E amigos contarão a você minha história ...

O nosso amor ... era esta coisa sem valor !
No entanto, que loucura a dos primeiros dias !
Lembra-se ? Que apoteose, que magia ! ...
Se nos amávamos! ... E era isto o nosso amor !

Mesmo nós, até nós então, quando dizemos
"eu te amo", o que é que vale o que estamos dizendo?
É humilhante, meu Deus! ... Somos todos os mesmos ?
Iguais aos outros, nós ? ... Como está chovendo !

Fique comigo!
Fique! Vamos viver - não sei ... - mais conformados ...
Os nossos corações, embora bem mudados,
se refaçam talvez à luz do sonho antigo ...

Vamos tentar. Ser bons, de novo. Que remédio !
Podem falar: a gente tem seus hábitos ... Então ?
Não vá! Fique! E retome a meu lado o seu tédio.
Eu retomo a seu lado a minha solidão ...

(não achei o meu livrinho, então zapiei de http://www.frases.mensagens.nom.br/frases-autor-p1-paulgeraldy.html#paul-geraldy , crime confesso.

11 fevereiro 2009

Adorei esse:

*** Poema Brega ***

Quero realizar o meu desejo
Com batom de carmim dar-lhe um beijo,
Ter você bem juntinho, mais perto,
Esboçar meu sorriso aberto,
Ver brilhar seu olhar de contente
Ao notar o ouro do meu dente.

Ver você embasbacado
Ao olhar meu vestido estampado
De vermelho, amarelo, azulado,
Com um grande decote ousado
Prá deixá-lo todo arrepiado
E com os olhos esbugalhados
Ao convidar-me para sair

Chegar perfumado a patcholi
Trazendo-me um lindo agrado
E assim, de braço dado,
Me convidar pra um bailado
E dançarmos bem juntinhos
Trocando mil e um beijinhos.

Passear na sua camionete,
Lá em cima, posar de chacrete,
Dançando Núbia Lafaiete,
Rebolando que nem a Gretchen
No conga-conga e piripiri
Somente pra fazer você sorrir

Quero ainda jogar confetes
Fazer tipo, mascando chicletes,
Abraçá-lo com intensidade
Me esvaindo em felicidade

E gritar em bem alto e bom tom,
Que é você minha grande paixão!!!
Mostrar toda a minha desenvoltura,
E cercá-lo com muita cultura
Será essa minha grande faceta
O I LOVE YOU, na camiseta.
O MON AMOUR na sua lambreta
Ou cochichado ao pé do ouvido
Que você é muito querido
E que disso você não se esqueça...

E pra deixá-lo mais apaixonado
Até meio abestalhado,
Vou até arrebitar meu nariz,
Na passarela, ao desfilar de Miss...
Entre aplausos e serpentinas
Eu, dentre todas as meninas,
Entre assobios, você me pedir "bis"!

Meu sonho é ainda ver você
Com um girassol na lapela
Todo de branco a sorrir...
Ao me ver de noiva na capela.
Também de branco, como convém
Com meu vestido rendado
Esse meu coração disparado,
Batendo a mais de cem...
E ao entrar na igreja,
Veja só quanta beleza!
Quantos amigos presentes
Muitos casais tão contentes,
Ao nos ver juntar nossos trapos,
Nossos panos, nossos farrapos...
Ao fundo, o coral cantando
À frente o padre rezando
E nós, finalmente casados

Depois de tanto esperar
Na igreja, de pé a rezar,
Todo mundo será convidado
Pra um forró bem arretado,
Com Luiz Gonzaga na vitrola
E Dominguinhos na radiola.

E como todo final de festa
Para os casais apaixonados
Um brega com uma orquestra
Com nós dois embriagados
O Seu Zé no violão
Dedilhando à lua cheia

O Seu Fulano no vozeirão
Cantando Evaldo Golveia
Fernando Mendes em seguida
E a bela " A desconhecida"
Fazendo bebum chorar,
Outros bem alto cantar
Uma paixão revivida.

Na calada da noite então
Fugindo em um caminhão
Vamos às nossas bodas de mel
Comemoradas num bordel
Conhecido como Manoel
Que da Nóbrega, desatou-se o Nó,
e o brega então ficou só

Levada por essa grande paixão
Farei tudo o que você quiser,
Desde que seja ao som da canção...
Do CD de Odair José!!!
No toca-fitas do seu carro
Ou na vitrola ao lado
Ouvindo você cochichar
"Vou tirar você desse lugar".

E para festejar tanto amor
Entre tapas e beijos febris
Como esposa e também meretriz
Selaremos com todo esplendor
Nosso querer, nossa união,
Nosso fogo, esse vulcão...
Espalhando brasa pra todo lado
E no final com todo cuidado
Você segurar minha mão.

Autoria: Carmem Carvalho e Cailiny Cunha
http://sitedepoesias.com.br/poesias/14248

Humor de mal-amor

Quando te conheci
Joia rara no oceano
Soltou a seguinte pérola:
"Impossível amar sem ser sozinho"!

Não lembro onde leu,
Muito menos ainda
quem foi que escreveu
tamanha bobagem.

Mas dita agora a verdade
E amando como só idiotas
São capazes de amar
Sinto-me na obrigação
De não mais discordar.

Esquizofrenia

Marcamos o lugar que nos veríamos
A data a hora, e quem seríamos.
Como nos reconhecer, o que vestir.
Só não combinamos, veja só,
que ambos iriamos.

Amor: Palíndromo Imperfeito

Tanto ama-la de alma tonta,
roda do humor, urro, murro da dor
Uma saudade dá, e dá duas. Amo.

10 fevereiro 2009

Outro palíndromo:

Rir, o breve verbo Rir"

05 fevereiro 2009

ilusões

Arde teu peito com saudades,
daquelas tolas obviedades?
Lembra quando a felicidade
era pura realidade.

Nunca fomos felizes.
Nem nós nem ninguém.
às vezes "Estamos" felizes
Alegrias que não vão além.

Ser feliz é passageiro
Uma coceira que logo passa
Com o tempo tudo se esvai
Tudo vira carcaça.

Queres felicidade?
Abrirá novo crediário?
Otário, deve ser sua idade
para acreditar tão convicto
em tamanha barbaridade

Felicidade não se compra.
Até porque é vulgar.
Sentimento embusteiro
com a validade por terminar.

Viver é doloroso.
É triste, é perigoso.
A vida é uma prova
De que queremos nos enganar.

Amo a vida, claro
(Masoquista adora se ferrar).
Mas não me engano nem por isso.
Como tudo, ela vai passar.

04 fevereiro 2009

"The revolutionary Pac Man video arcade game featured colored ghosts named Inky, Blinky, Pinky, and Clyde."
Estava no final do Blog hoje. Esqueci que tinha colocado esse recurso no Blog.
Por que coisas inúteis nos atraem tanto? O número de vezes que a tia do homem-aranha infartou, que o (meio)do Obama foi preso por fumar maconha, a nova frutinha do funk, qualquer coisas que um BBB faça ou diga, por mais tosco ou comum, etc etc.

E por aí vai.

Mas vou manter o recurso.
E também não sei o porquê.
Se "Plagiar, é implicitamente, admirar." vou admirar mais um pouco Júlio Dantas:
-
"Entre um homem moço e uma mulher bonita, a amizade pura, a amizade intelectual é impossível. O homem e a mulher são, fundamentalmente, irredutivelmente, inimigos. Só se aproximam para se amar - ou para se devorar."
-
"Quem encontrar na vida o verdadeiro amor, deve escondê-lo, longe do mundo, como um tesouro."
-
"A vida é uma vertigem."
-
"Procura ser tão gentil com a tua mulher como no tempo que a conquistaste."

(Essa é uma das que mais concordo. Não deve conquistar sua mulher uma vez, mas todos os dias acordar "Como devo conquistar essa mulher hoje?" dizia meu pai. Ele não fazia issp
o na prática, pra falar a verdade, mas nem por isso, é menos verdade. Eu, pelo menos, tento fazer, com bons resultados, espero, hehehe)
-

"São tão imensamente grandes, tão paradoxalmente violentos certos amores, que atingem a expressão terrível do ódio."

(Essa é outra que gosto e concordo. As vezes ficamos fulos com alguém, simplesmente porque a pessoa não nos amam como nós a amamos, ou já amamos um dia. É o "vem me fazer feliz porque EU te amo" (Djavan?). Somos seres egoístas, mesquinhos e F.D.P. As vezes achamos que por amar alguém temos direitos sobre ela/ele, e ficamos fulos quando o amor não é correspondido ou, simplesmente, quando o objeto de amor não corresponde as nossas expectativas, por mais irreais que sejam. é patético, eu sei, mas somos assim).
-
"O amor, como a vida inteira, está cheio de lugares-comuns."
-

Júlio Dantas foi um escritor português, um tanto cabeça dura com relação a manifestações artísticas mais "novas", mas infelizmente nunca li nada dele a não ser algumas de suas frases.
Sei que existiu um "manifesto anti-dantas", devido a sua posição contra modernistas, mas pouco mais do que isso. E sim, eu também posso "googlar", mas convenhamos, admitir ignorância sobre alguém é mais honesto.
Pretendo lê-lo, e aceito, de bom grado, indicações de por onde começar.

Abraços

02 fevereiro 2009

Palíndromos

Achei esse arquivo no meio da minhas coisas.
Infelizmente não sei a autoria de boa parte deles, mas se alguém souber, basta avisar que eu acrescento.

Lá vão:

"Amor, me ama em Roma?"
"Ande, Edna."
"Após a sopa."
"Arara ama arara.
"Arre! Sem o erre, o mês erra."
"Arfas a arar solos; rara, a safra."
"Assam a massa."
"Eu, ué!"
"Roma é amor."
"Socorram-me Subi no onibus em Marrocos".
"A cara rajada da jararaca."
"Madam, I´m Adam"
"Acata o danado... e o danado ataca!"
"A grama é amarga." (Millor Fernandes)
"Ame o poema."
"Amora me tem aroma."
"A sacada da casa."
"Ato idiota."
"A torre da derrota."
"E até o Papa poeta é.” (Rômulo Marinho)
"És sapo? Passe."
"Eva, asse e pape essa ave."
"Ódio do doido!"
"Oi,Val! Fez o ovo do vô, o Zé Flávio?"
"O lobo ama o bolo."

Palíndromo do amor total
Ávido?
Amá-la na taba, no toco da casa,
Ama?
no muro, no paço, na poça,
na maca, na livre sala,
servi-la na cama,
na copa, no capô, no rumo,
na saca do coto, na bata, na lama...
Ó diva!

Haikai (Beto Furquim)
Aroma.
Me supus em
amora.

29 janeiro 2009

Poesia Mongol

Você achava que ISSO era um “Felômono” nacional?
http://www.youtube.com/watch?v=XPjFBUzNiog&feature=related

Pense de novo:
http://www.youtube.com/watch?v=8EN_okDXHUI&NR=1

A pergunta é: O QUÊ GENGIS (OU Dschinghis) FARIA COM ESSA MOÇADA ?
Resposta: Comer comer (o fígado) é um a resposta plausível.
hehehehe

Pra cantar (e dança) junto no seu escritório (e pedir férias por insanidade mental)::
-------
Genghis Khan

Havia na Mongólia um lutador feroz (Genghis Khan)
[ha, hu, ha]
Que conquistou a China, o Afeganistâo (e o Irã)
[ha, hu, ha]
Até a tropa russa derrotou
E do império turco se apossou
E contra a própria morte ele lutou
[hu, ha]
Genghis, Genghis, Genghis Khan
Foi o maior lutador que existiu
Era o Genghis, Genghis, Genghis Khan
Líder de bravos guerreiros
que nunca sofreram uma derrota (oh ho ho ho)
vilões e assassinos (ah ha ha ha)
Tanta crueldade não se viu
Genghis, Genghis, Genghis Khan
Deixa na História uma página de dor
Era o Genghis, Genghis, Genghis Khan
Foi ditador, foi herói, foi bandido
E a todos que encontrava (oh ho ho ho)
matava e queimava (ah, ha, ha, ha)
Era o mais temido dos mortais
Vencendo os inimigos, Genghis Khan enfim (conquistou)
[ha, hu, ha]
Um grande império bem maior do que alguém (já sonhou)
[ha, hu, ha]
Exércitos inteiros dominou
Milhares de guerreiros comandou
Por muitos anos ele assim reinou
[hu, ha]
Genghis, Genghis, Genghis Khan
Foi o maior lutador que existiu
Era o Genghis, Genghis, Genghis Khan
Líder de bravos guerreiros
que nunca sofreram uma derrota (oh ho ho ho)
vilões e assassinos (ah ha ha ha)
Tanta crueldade não se viu
Genghis, Genghis, Genghis Khan
Deixa na História uma página de dor
Era o Genghis, Genghis, Genghis Khan
Foi ditador, foi herói, foi bandido
E a todos que encontrava (oh ho ho ho)
matava e queimava (ah, ha, ha, ha)
Era o mais temido dos mortais
[ha, hu, ha, hu]

28 janeiro 2009

Momento Poeira (1)

Assisti ontem, depois de muitos e muito e muitos anos "A historia do mundo Segundo Mel Brooks: Parte 1".
Um dos meus filmes prediletos, mas só tinha visto uma vez.

Me dei conta de quanto tempo fazia por causa da primeira cena, com humor idiota típico dele (e que, cacilda, como eu gosto).

Ao fundo, ninguém menos que Orson Wells narrando a epopéia do homem primitivo (vulgo uma penca de pessoas com fantasia de macaco) erecto pela primeira vez. Ao fundo uma luz simulava a alvorada (da espécie humana) e uma musica parecida com "Assim falava Zaratustra" retumbando. Aí, no àpice da coisa eles fazem uma mímica de masturbação macacal, soltam grunhidos e desabam no chão com um ruído, satisfeitos.

Pois é, eu era tão moleque que não saquei a piada. Para mim eles se sacudiam e esterbuchavam, mas o sentido da coisa se perdia. Nunca tinha entendido esta parte do filme (o resto eu tinha entendido em sua maioria). Mas já sacava a dos eunucos pelo menos. Ná média, não estou tão mal.

26 janeiro 2009

Terror Noturno

O Relógio bate as horas
Mas eu ainda não sei ver

No escuro, me remexo
Meio insone, a tremer

Ao meu lado, meus brinquedos
Só se sabem emudecer

Ouço passos, na escada
Ela já vem me buscar

Uma noite, foi-se Mãe
Na seguinte foi-se papá

Já se foram tantos outros
Que nem mais vou lembrar

Faz estalo, neste quarto
abre a porta, quem será?

Eu só vejo o vulto negro
Veio aqui me buscar?

Ouço passos, me encolho
Mas não vai adiantar

Estou sozinho nesta casa
Ouço a voz rouca falar

Silencio, no espelho
Minha garganta quer gritar

Sua pele, é tão fria
Tenho medo da babá!

Shhhh...!



(Ok, mais um da série "Tá, é péssimo, mas me diverti fazendo")

MemeMemeMeme

Memes são diabinhos sacanas
Vírus que não deixam esquecer
E repetem a toda hora:
Meme, eu e você

Poesia Poeira

Um dia não aguentei
E botei o pé na estrada
Fui atrás dos lugares
Onde eu não estava

Pé de vento, faro raro,
segui os cheiros da chuva
Me cobri do Sol
E vesti poeira.

Abracei o mundo
Bebi os Rios
Enamorei o mar

voltei para casa
Para mim
Antes que não tivesse
para quem retornar.

Amores

Há amores que se foram
sem nunca terem sido,
Há os de acaso, de caso
Aqueles de olhar faminto.

Existem amores indigestos
Os pueris, os por objeto
Há amores para toda a vida,
Amores relampago
Amores da vida.

Há amores, Amores e AMORES
Há também os desamores,
Há amores amadores
e amores dos quais me recinto

Há amores poéticos
Amores falsos , os vwerdadeiros
Amores incontroláveis
Há mar de amores.

E há o amor que sinto.

JOSÉ (Carlos Drummond de Andrade)

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?


(Não sei mais quem, na época que o Sarney deixou de ser presidente, publicou esta poesia clássica de Drummond em "sua homenagem". Acho que foi a Casseta`Popular, na época que eu me orgulhava de ler eles. De qualquer forma, em tempos que o moço assume a presidencia do senado, lembrei dela).

23 janeiro 2009

Billie Holiday

Nascida Eleanor Fagan Gough em 1915 e morrida lá quase na década de 60, com não mais do que uns 45 anos, a moça tem uma daquelas histórias de vida que fazem a sua parecer um passeio.

Seus pais tinham 15 e 13 anos, respectivamente, quando ela nasceu. Crianças gerando crianças.

Violentada ao 10, virou "moça da vida" aos 14. Começou a cantar por absoluto desespero. Adotou então o nome ao qual seria conhecida. Sofreu preconceito, segregação e, como era de praxe aos talentosos de então, se acabou em drogas, alcool e depressão.



Dona de uma interpretação que é quase doída, de tão boa, é pouco conhecida aqui no Brasil, claro.



Meu primeiro contato com ela foi lendo "Watchmen", de Alan Moore, na qual um dos personagens toca "You Are My Trhill" interpretado por ela. Anos depois ainda caçava a m´pusica quando, por acaso, a ouvi a primeira e única vez na vida (ouvi outras coisas com ela, mas "You Are My Trhill" só uma. Foi uma maneira, confesso, bem estranha de se conhecer um talento assim, mas paciência.



Problema: Meu amigo fazia faculdade em Campinas e ele não me emprestou a fita 9sim crianças, ainda era tempo da fita cassete, ou "K7", mais precisamente).



Anos depois pedi de novo emprestado e o cidadão não tinha a menor idéia do que eu falava.

Nunca achei o cd, mas se acharem, ouçam. E me emprestem, hehehe.



Ps: Se essa mulher e essa letra não são o que há de poesia, desisto!

You Are my Thrill (Sidney Clare)

You're my thrill
You do something to me
You send chills right through me
When I look at you
'Cause you're my thrill

You're my thrill
How my pulse increases
I just go to pieces
When I look at you
'Cause you're my thrill

Hmmm, nothing seems to matter
Hmmm, here's my heart on a silver platter
Where's my will
Why this strange desire
That keeps mounting higher
When I look at you
I can't keep still
You're my thrill

(bridge)

Where's my will
Why this strange desire
That keeps mounting higher
When I look at youI can't keep still
You're my thrill

22 janeiro 2009

As cartas

Oh Cristo
Está mesmo lendo isto?
Devolva, peço
Me faça este gesto.


Há algumas coisas que
não são para seus olhos,
canções que não deve ouvir!
Há saberes proibidos.



Devolva, torno a pedir
É duro, mas devo insistir
Dê-me já, ou pode ir!


Meus pertences são meus!
Minha dor, prazer e revolta.
Estes são meu passado,
o lado escondido, arredio.


Se me conheces, me domina,
me decifra e me devora
Abriu a caixa, não foi?
Bem, então não tem volta.



Já lestes tudo isso?
Va embora, sem demora.
Guarde seus sentimentos.
E, por favor, não bata a porta.







(da época que eu queria ser um novo Paul Geraldy)

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Álvaro de Campos / (Fernando Pessoa)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Fobos

Medo? Tenho vários!
De imposto, monstros e escuro
Medo de começar algo ,
de terminar algo
De morrer sem seguro.

Medo de todos os tipos,
Admito, sem orgulho
Sou medroso, convicto, assumido.

Mas tenho, também um pavor,
Escondido, quase perdido:
É saber que ver você
sempre mexe comigo

Novelão

Amor é um sentimento chato.
Perdoem-me os apaixonados,
Os proscritos desejantes
Os poetas amantes
Enfim, os como eu, chatos.

Amar é uma pentelhação.
É dar um pedaço da gente
Sem motivo ou razão

Doar nossos sentimentos mais febris
Dedicar cânticos e memórias
A aquele movimento dos quadris.

Sandice. Pasmaceira. Aborrecimento.
Besteira!

Amamos, sim amamos.
Mas convenhamos,
é sentimento tortuoso.
Indecifrável, sinuoso.
Aborrecido, ainda que gostoso.

Amamos quem difere,
quem se iguala, quem interfere
Amamos porque somos loucos.
Serenautas quase roucos.

E quando o amigo ao lado
Reclama e vira os olhos
Dizendo: -"Compadre, larga a mão
Está exagerando, bem sabe!"

Nos indignamos e dizemos:
"Isso é amor, não faça pouco!
Não entendeste? Então deixe-me
falar dela mais um pouco!"

Amantes são pessoas
De sentimento sublime
Amam, e como amam!

Mas sejamos francos, frios
objetivos como poucos:
Amar é verbo pavoroso
Mesmo quando é maravilhoso.

Como a Navalha na Seda

Linhas suaves
Contornos disformes
Escrita à mão
Pela tremula carne

A carta de amor
Embate-se em palavras
Se solta e descreve
O que sente com ressalva

Em tinta azul-suave
As palavras gritam
Criando imagens.
Um recurso covarde,
Que requer coragem.

Fala-se o que se sente,
Formata-se o impalpável
Suaviza-se o diálogo
Impõe-se a imagem.

Decompõe-se a emoção
Rabisca-se com louvor
Mata-se um amor
Em nome da mensagem.

Descrever em palavras
É congelar o mundo
É reduzir a vida,
E perverter o segundo.

Mas discursa-se, assim mesmo
Perdendo-se parte da alma
Para dar maior espaço
Ao que se deixa preso
(E torna um homem insano)

Sangrando em palavras
Avança o escritor no poema
Picotando, torcendo, clamando,
que tal confissão abata a pena.

Em dolorosas letras
Profetiza-se fim amargo
A um gostar tão intenso
E tão temível fardo

Mas, ridicularizando-se,
O poeta enfim se cala,
Decidindo-se, amassa a folha
Joga atoalha
Apaga a luz.
Deixa a sala

(esse é um dos meus que pessoalmente mais gosto. Não são tantos poemas assim, a bem da verdade, mas ainda assim, uma das coisas que mais me divertiu escrever).

Meditação

“A gente começa a amar
por simples curiosidade
Por ter lido num olhar
certa possibilidade

E como, no fundo, a gente
se quer muito bem
ama quem a ama, somente
pelo gosto igual que tem.

Depois a gente começa
A repartir dor por dor.
E se habitua depressa
A trocar frases de amor.

E sem pensar vai falando
De novo as que já falou...
E então continua amando
Só porque já começou”


De Paul Geraldy,
Esse é, de longe, meu poema predileto.

Outono do Dia

Quando a tarde chega
livra o dia de seus encantos
Menos luz, menos calor
Menos agito, mais torpor

É aquela hora do dia
Ou mais precisamente, da Tarde
Em que Sol já não arde
Já não brilha azul profundo

Faz o ruido dos que, vestidos
De suas armaduras Fordianas
Berram, reclamam, buzinam,
Mas eterna e momentaneamente parados

Nestas horas, sem piano ao fim da tarde
Reclamo a preguiça merecida
O espreguiçar longo, sonolento
Mal-humorado, insatisfeito

Aguardo.
Pela noite, pela madrugada,
pelo dia seguinte
(e perdoem-me o trocadilho sem sal),
pedinte mendigo um trocado
Um olá, um obrigado.

Anseio o sorriso
Carnudo, vermelho, perigo
Os braços longos de bailarina
Envolventes, que ao contrário da noite
Não chegam.