18 fevereiro 2009

Cogito

Existiria algum sentido na vida?
Alguma musa alada da verdade,
que descendo dos ceus em torpor
religioso nostrouxesse, enfim,
Tudo sobre o começo, o fim e o meio?

Que roupa vestiria esta Verdade?
Seria um anjo, seria beldade?
Que voz teria a doce deusa?
Afinação de rouxinol?
Seria rouca , de crua aspereza?

Não creio em Verdades.
Nem em "Alethéia" abençoada.
A verdade, não a Verdade, para mim,
não precisa surgir disfarçada de castidade.

Mas ter Certeza, sem duvida, encanta
Espanta o medo, simula a beleza
Aparenta ter na escuridão
Um calor, uma Resposta maravilha
Pena que õ que é lindo não ponha mesa.

Prefiro a duvida. Não quero Valquírias
Me dizendo "bom combate, venha conosco"
Sempre achei a ideia de mal-gosto
Algo tosco, enfim.
Não quero saber o fim da história
Saber como acaba não é para mim.

Quero Dúvidas. Belas, rechonchudas,
Pornôs, semidesnudas.
Quero não saber como virá
a próxima estrofe, que me aguarda
A próxima página, a farsa acabada

Quero não saber. Ter o prazer
de descobrir a cada dia e hora
marcada como será a próxima virada
Desfrutar, saborear
Prefiro não saber como terminar.

Final

Paul Géraldy

Já que a gente vai se separar, olhe-me ainda
um instante ... Mas sem chorar: seria idiota.
Como é horrível agora a lembrança remota
do que nós fomos numa vida antiga e linda!

Nossas vidas se confundiram totalmente ...
E agora cada qual retoma o seu caminho!
E nós vamos partir, cada qual mais sozinho,
recomeçar, vagar por aí ... Certamente,

Sofreremos também ... Mas há de vir, depois,
o esquecimento, a única coisa que perdoa.
E há de haver eu e haver você; seremos dois;
seremos isto: uma pessoa e outra pessoa.

Veja! você já vai entrar no meu passado!
Havemos de nos ver na rua ...
E viveremos nossas vidas paralelas ...
E amigos contarão a você minha história ...

O nosso amor ... era esta coisa sem valor !
No entanto, que loucura a dos primeiros dias !
Lembra-se ? Que apoteose, que magia ! ...
Se nos amávamos! ... E era isto o nosso amor !

Mesmo nós, até nós então, quando dizemos
"eu te amo", o que é que vale o que estamos dizendo?
É humilhante, meu Deus! ... Somos todos os mesmos ?
Iguais aos outros, nós ? ... Como está chovendo !

Fique comigo!
Fique! Vamos viver - não sei ... - mais conformados ...
Os nossos corações, embora bem mudados,
se refaçam talvez à luz do sonho antigo ...

Vamos tentar. Ser bons, de novo. Que remédio !
Podem falar: a gente tem seus hábitos ... Então ?
Não vá! Fique! E retome a meu lado o seu tédio.
Eu retomo a seu lado a minha solidão ...

(não achei o meu livrinho, então zapiei de http://www.frases.mensagens.nom.br/frases-autor-p1-paulgeraldy.html#paul-geraldy , crime confesso.

11 fevereiro 2009

Adorei esse:

*** Poema Brega ***

Quero realizar o meu desejo
Com batom de carmim dar-lhe um beijo,
Ter você bem juntinho, mais perto,
Esboçar meu sorriso aberto,
Ver brilhar seu olhar de contente
Ao notar o ouro do meu dente.

Ver você embasbacado
Ao olhar meu vestido estampado
De vermelho, amarelo, azulado,
Com um grande decote ousado
Prá deixá-lo todo arrepiado
E com os olhos esbugalhados
Ao convidar-me para sair

Chegar perfumado a patcholi
Trazendo-me um lindo agrado
E assim, de braço dado,
Me convidar pra um bailado
E dançarmos bem juntinhos
Trocando mil e um beijinhos.

Passear na sua camionete,
Lá em cima, posar de chacrete,
Dançando Núbia Lafaiete,
Rebolando que nem a Gretchen
No conga-conga e piripiri
Somente pra fazer você sorrir

Quero ainda jogar confetes
Fazer tipo, mascando chicletes,
Abraçá-lo com intensidade
Me esvaindo em felicidade

E gritar em bem alto e bom tom,
Que é você minha grande paixão!!!
Mostrar toda a minha desenvoltura,
E cercá-lo com muita cultura
Será essa minha grande faceta
O I LOVE YOU, na camiseta.
O MON AMOUR na sua lambreta
Ou cochichado ao pé do ouvido
Que você é muito querido
E que disso você não se esqueça...

E pra deixá-lo mais apaixonado
Até meio abestalhado,
Vou até arrebitar meu nariz,
Na passarela, ao desfilar de Miss...
Entre aplausos e serpentinas
Eu, dentre todas as meninas,
Entre assobios, você me pedir "bis"!

Meu sonho é ainda ver você
Com um girassol na lapela
Todo de branco a sorrir...
Ao me ver de noiva na capela.
Também de branco, como convém
Com meu vestido rendado
Esse meu coração disparado,
Batendo a mais de cem...
E ao entrar na igreja,
Veja só quanta beleza!
Quantos amigos presentes
Muitos casais tão contentes,
Ao nos ver juntar nossos trapos,
Nossos panos, nossos farrapos...
Ao fundo, o coral cantando
À frente o padre rezando
E nós, finalmente casados

Depois de tanto esperar
Na igreja, de pé a rezar,
Todo mundo será convidado
Pra um forró bem arretado,
Com Luiz Gonzaga na vitrola
E Dominguinhos na radiola.

E como todo final de festa
Para os casais apaixonados
Um brega com uma orquestra
Com nós dois embriagados
O Seu Zé no violão
Dedilhando à lua cheia

O Seu Fulano no vozeirão
Cantando Evaldo Golveia
Fernando Mendes em seguida
E a bela " A desconhecida"
Fazendo bebum chorar,
Outros bem alto cantar
Uma paixão revivida.

Na calada da noite então
Fugindo em um caminhão
Vamos às nossas bodas de mel
Comemoradas num bordel
Conhecido como Manoel
Que da Nóbrega, desatou-se o Nó,
e o brega então ficou só

Levada por essa grande paixão
Farei tudo o que você quiser,
Desde que seja ao som da canção...
Do CD de Odair José!!!
No toca-fitas do seu carro
Ou na vitrola ao lado
Ouvindo você cochichar
"Vou tirar você desse lugar".

E para festejar tanto amor
Entre tapas e beijos febris
Como esposa e também meretriz
Selaremos com todo esplendor
Nosso querer, nossa união,
Nosso fogo, esse vulcão...
Espalhando brasa pra todo lado
E no final com todo cuidado
Você segurar minha mão.

Autoria: Carmem Carvalho e Cailiny Cunha
http://sitedepoesias.com.br/poesias/14248

Humor de mal-amor

Quando te conheci
Joia rara no oceano
Soltou a seguinte pérola:
"Impossível amar sem ser sozinho"!

Não lembro onde leu,
Muito menos ainda
quem foi que escreveu
tamanha bobagem.

Mas dita agora a verdade
E amando como só idiotas
São capazes de amar
Sinto-me na obrigação
De não mais discordar.

Esquizofrenia

Marcamos o lugar que nos veríamos
A data a hora, e quem seríamos.
Como nos reconhecer, o que vestir.
Só não combinamos, veja só,
que ambos iriamos.

Amor: Palíndromo Imperfeito

Tanto ama-la de alma tonta,
roda do humor, urro, murro da dor
Uma saudade dá, e dá duas. Amo.

10 fevereiro 2009

Outro palíndromo:

Rir, o breve verbo Rir"

05 fevereiro 2009

ilusões

Arde teu peito com saudades,
daquelas tolas obviedades?
Lembra quando a felicidade
era pura realidade.

Nunca fomos felizes.
Nem nós nem ninguém.
às vezes "Estamos" felizes
Alegrias que não vão além.

Ser feliz é passageiro
Uma coceira que logo passa
Com o tempo tudo se esvai
Tudo vira carcaça.

Queres felicidade?
Abrirá novo crediário?
Otário, deve ser sua idade
para acreditar tão convicto
em tamanha barbaridade

Felicidade não se compra.
Até porque é vulgar.
Sentimento embusteiro
com a validade por terminar.

Viver é doloroso.
É triste, é perigoso.
A vida é uma prova
De que queremos nos enganar.

Amo a vida, claro
(Masoquista adora se ferrar).
Mas não me engano nem por isso.
Como tudo, ela vai passar.

04 fevereiro 2009

"The revolutionary Pac Man video arcade game featured colored ghosts named Inky, Blinky, Pinky, and Clyde."
Estava no final do Blog hoje. Esqueci que tinha colocado esse recurso no Blog.
Por que coisas inúteis nos atraem tanto? O número de vezes que a tia do homem-aranha infartou, que o (meio)do Obama foi preso por fumar maconha, a nova frutinha do funk, qualquer coisas que um BBB faça ou diga, por mais tosco ou comum, etc etc.

E por aí vai.

Mas vou manter o recurso.
E também não sei o porquê.
Se "Plagiar, é implicitamente, admirar." vou admirar mais um pouco Júlio Dantas:
-
"Entre um homem moço e uma mulher bonita, a amizade pura, a amizade intelectual é impossível. O homem e a mulher são, fundamentalmente, irredutivelmente, inimigos. Só se aproximam para se amar - ou para se devorar."
-
"Quem encontrar na vida o verdadeiro amor, deve escondê-lo, longe do mundo, como um tesouro."
-
"A vida é uma vertigem."
-
"Procura ser tão gentil com a tua mulher como no tempo que a conquistaste."

(Essa é uma das que mais concordo. Não deve conquistar sua mulher uma vez, mas todos os dias acordar "Como devo conquistar essa mulher hoje?" dizia meu pai. Ele não fazia issp
o na prática, pra falar a verdade, mas nem por isso, é menos verdade. Eu, pelo menos, tento fazer, com bons resultados, espero, hehehe)
-

"São tão imensamente grandes, tão paradoxalmente violentos certos amores, que atingem a expressão terrível do ódio."

(Essa é outra que gosto e concordo. As vezes ficamos fulos com alguém, simplesmente porque a pessoa não nos amam como nós a amamos, ou já amamos um dia. É o "vem me fazer feliz porque EU te amo" (Djavan?). Somos seres egoístas, mesquinhos e F.D.P. As vezes achamos que por amar alguém temos direitos sobre ela/ele, e ficamos fulos quando o amor não é correspondido ou, simplesmente, quando o objeto de amor não corresponde as nossas expectativas, por mais irreais que sejam. é patético, eu sei, mas somos assim).
-
"O amor, como a vida inteira, está cheio de lugares-comuns."
-

Júlio Dantas foi um escritor português, um tanto cabeça dura com relação a manifestações artísticas mais "novas", mas infelizmente nunca li nada dele a não ser algumas de suas frases.
Sei que existiu um "manifesto anti-dantas", devido a sua posição contra modernistas, mas pouco mais do que isso. E sim, eu também posso "googlar", mas convenhamos, admitir ignorância sobre alguém é mais honesto.
Pretendo lê-lo, e aceito, de bom grado, indicações de por onde começar.

Abraços

02 fevereiro 2009

Palíndromos

Achei esse arquivo no meio da minhas coisas.
Infelizmente não sei a autoria de boa parte deles, mas se alguém souber, basta avisar que eu acrescento.

Lá vão:

"Amor, me ama em Roma?"
"Ande, Edna."
"Após a sopa."
"Arara ama arara.
"Arre! Sem o erre, o mês erra."
"Arfas a arar solos; rara, a safra."
"Assam a massa."
"Eu, ué!"
"Roma é amor."
"Socorram-me Subi no onibus em Marrocos".
"A cara rajada da jararaca."
"Madam, I´m Adam"
"Acata o danado... e o danado ataca!"
"A grama é amarga." (Millor Fernandes)
"Ame o poema."
"Amora me tem aroma."
"A sacada da casa."
"Ato idiota."
"A torre da derrota."
"E até o Papa poeta é.” (Rômulo Marinho)
"És sapo? Passe."
"Eva, asse e pape essa ave."
"Ódio do doido!"
"Oi,Val! Fez o ovo do vô, o Zé Flávio?"
"O lobo ama o bolo."

Palíndromo do amor total
Ávido?
Amá-la na taba, no toco da casa,
Ama?
no muro, no paço, na poça,
na maca, na livre sala,
servi-la na cama,
na copa, no capô, no rumo,
na saca do coto, na bata, na lama...
Ó diva!

Haikai (Beto Furquim)
Aroma.
Me supus em
amora.