21 novembro 2009

Bagagem

Se levassemos todos os amores
As desilusões, as gostosuras
Levassemos não o apenas
"indiscutivelmente essencial"
Para que viajaríamos?

Pé na estrada é sempre uma cruzada
A busca ao nosso graal?
Indo aonde nenhum homem jamais esteve
Peregrinações, andanças, viagens...

Não levamos todas as coisas
Porque não vamos atrás de algo.
Vamos encontrar a nós mesmos.
Pois a unica certeza ao viajarmos
É que nós estaremos lá no fim.

No fim do arco-íris
Atrás do horizonte
Do outro lado do mundo
Mudamos o mundo a nossa volta.
E o que permanecer seremos nós mesmos.
Simples assim.

Frank + Einstein

Abri o peito sem anestesia
Minhas viceras são tuas
Cada pedaço meu te doarei.
Minhas memórias, meu passado.
em troca de teu futuro.

Me choque, me reanime.
costure meu coração.

Toda relação gera reação
E orbito em torno de ti.
O tempo é Relativo
Mas não minha paixão.

Lagrimas e chuva

A chuva veio e lavou a calçada.
Sara se foi, e levou seu coração.
Lamuriento, viu o taxi partir,
com seu amor amarrotado.

Rosnando caminhou para a mesa
Onde queria terminar o trabalho.
Mas não podia, porque Sara
Terminara com ele.

Não era a ausência de Sara
Que o fazia mal.
Era a permanência dela,
Em cada canto da casa.

Nem eram as sombras
O que provocava arrepios.
Mas as sobras, mal-digeridas, do Amor.
As migalhas, os pedaços de si.
Os cacos que deveria juntar.
Para sempre.

Comeu.
Deitou.
E soluçou.

05 novembro 2009

PT Saudações

Ela lhe sorriu com todo o corpo
Ele resmungou algo em troca.
Cansado, soltou as malas.

Ela desejou seu corpo.
Ele lhe informou estar com fome.
"Barra de cereal é foda, né? Puts!"

Ela pediu um beijo
Ele lhe entregou a roupa suja.
Estavam bem encardidas, avisou.

Ele foi para a banheira.
Ordenando toalhas limpas.
E ela lhe entregou um rádio, ligado na tomada.
ZZZT!

In Zara We Trust

Nitche ...

Naitzchi ...

Neiatiszshe ...

Nitizhe ...

Nietishãn ...

Neiticshi ...

Nietzschi ...

Niezeidgeist...

Nutz-she ...

Nain Tchê ...

Nun-tzchaco ...

Nietanzaisn...

Nineteenzche ...

Porra, aquele fulano que escreveu "Assim falava Zaratorta... Zaratruta... Zaratrust... Ah, inferno, O cara do "Esse Homem"!

Então, ele é duca!

Autofagia



Voando pela janela foi-se meu celular
E com ele minhas ligações.
Seguiram-se minhas roupas,Carteira e identidade.

Sem o que me identificar, sobrou apenas Eu.
Que não pula em abismo algum, aliás.
Eu, Eu mesmo. Que coisa é essa,
Que me canibaliza a moral?

Findas todas as sombras reveladas sobre uma parede
Todas as fotos, os fatos, os focos,
Nada descubro sobre mim, porque o Eu ainda impede.
A última sombra,se insinua.

Os mesmos ossos, mesmos pensamentos
Mas ainda um Eu que não me identifica.
Como se o princípio da incerteza
fosse válido Para as questões da "alma".
Ou sou e não penso nisso, ou penso nisso e não sou.

Pensar em si é um não-ser
Como se a análise estivesse
Eternamente condenada a um estado de "chegou tarde".
Sempre que nos olhamos,
Vemos apenas um passado de quem já fomos.

Como não podemos saber quem seremos,
Nem saber quem somos
Só nos resta nossos mesmos fantasmas.

De quem, debilmente, nos alimentamos.

Do Pó ao Bah!

Limpando o sotão das pequenas mesquinhesas
Encontrei a foto amarelada com sorriso envelhecido
Há lá um sujeito que parece comigo,
Um estranho, um bobo, um jovem portanto

Ele parece acreditar num futuro distante
onde as coisas finalmente farão sentido.
Uma utopia, um estado, uma ilha
Sem o velho ranço cínico.

Idiota. A utopia sou eu.
disutupiou-se, enrugou-se.
A Utopia é o passado
Que sempre nos parece tão brilhante.